quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A RAIVA

A raiva é implácavel, me arrancou da cama me jogou contra a parede. Me fez rolar escada abaixo, me atirou rosas e granadas e carrinhos de bebês. A raiva me quer na rua. Por isso me fez ouvir torsounds nos bares e predilêtas. Tocou fogo na minha casa. A raiva esticou minha perna me fez pressionar o acelerador. Me fez derrubar semáfaros e me jogou sobre o leito de um hospital. A raiva me internou e ocultou meus diagnósticos. A raiva matou meu melhor amigo numa igreja a seis da tarde num sabado de sol. A raiva estava de colam preto com uma Uzi numa mão e arroz na outra. A raiva é irônica e distrinha e reluz na noite de Natal. A raiva redigiu meu epitáfio com uma frase de efeito. A raiva é cuidadosa. Por isso me jogou na cadeia, me espancou, me fez confessar a cor das cortinas da casa dela. A raiva sabe como fazer as coisas. Me serviu ópio e haxixe e disse que estava tudo bem. A raiva toca notas dissônantes, e anda sempre se preto. A raiva me chamou de pop-cenes, e depois gargalhou sadicamente. Assim ela é. A raiva me fez dormir em pensões escrotas. A raiva respira pela boca e anda pelo corredor enquanto os anjos dormem. A raiva sabe o momento certo de te apertar o pescoço. A raiva é paciente e sincera. A raiva ri da minha cara. A raiva faz negôcios com mercadores europeus. A raiva importa armas quimicas e anda com cachorros felpudos pela mesma calçada que você. Muito cuidado com a raiva. A raiva jogou boliche com melhor amigo Charles. Ela disse a ele que Diet-coke e o semem do mal. A raiva é estérica, e transforma banalidades em manchetes imternacionais. A raiva me bateu com a magno 357 no rosto. A raiva me quer vivo. Por enquanto. A raiva decide teu destino. A raiva escondeu os preservativos. A raiva fez um pacto de sangue com os burocratas das mesas envernizadas. A raiva mistura água com vinho e não quer os meninos nas portas das vernissagens. A raiva é gorda e mal amada. A raiva não tem sexo. A raiva dorme sozinha e lê suplementos dominicais. A raiva perdeu o trem e ficou por aqui. A raiva é um expector sob colchoados controlando nossas vidas pelos aparelhos de tv. A raiva anda em sedans vermelhos, e recebes os caras pelas portas do fundos. A raiva me serviu leite e maionese e disse que era pro meu bem. A raiva e cheia de subtêrfugios. A raiva me cortou a face com lâminas de barbear. A raiva fez a imagem se formar antes da minha retina. A raiva escreve da esquerda pra direita. De cima pra baixo e fala em cinco idiomas. A raiva dança sons africanos. A raiva vômitou no meu prato e quebou o joelho da minha mãe. A raiva tomou uma overdose e não morreu. A raiva e imortal. A raiva confundiu as teclas da minha maquina de escrever. A raiva me fez mendigar um litro de vinho no coração da cidade. A raiva corroeu meu fígado. A raiva fez meus amigos se voltarem contra mim. A raiva se vestiu de purpura. A raiva é um viruz mortal. A raiva anda de cadeira de rodas. A raiva me abraçou e me beijou na boca. Eu acreditei nas suas boas intenções. A raiva me levou pra cama e me entupiu de frizio. A raiva carrega ordens judiciais no bolso do paléto. A raiva faz tudo em nome da lei. A raiva é unipotente é unipresente. A raiva sabe onde me escondo. A raiva estuprou minha garota na banheira e depois a esfaqueou repetidas vezes. A raiva tem olhos vermelhos. A raiva tomou conta de mim. Eu tô a caminho. É melhor limpar a area.

mario bortolloto - a raiva

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